terça-feira, 9 de setembro de 2014

A arte como objeto de conhecimento


               O universo da arte caracteriza um tipo particular de conhecimento, que o ser humano produz, a partir das perguntas fundamentais, que desde sempre se fez com relação ao seu lugar no mundo.
A manifestação artística tem em comum com o conhecimento científico, técnico ou filosófico seu caráter de criação e inovação. Essencialmente, o ato criador, em qualquer dessas formas de conhecimento, estrutura e organiza o mundo, respondendo aos desafios que dele emanam, num constante processo de transformação do homem e da realidade circundante.
 O produto da ação criadora, a inovação, é resultado do acréscimo de novos elementos estruturais ou da modificação de outros. Regidos pela necessidade básica de ordenação, o espírito humano cria, continuamente, sua consciência de existir por meio de manifestações diversas.
O ser humano sempre organizou e classificou os fenômenos da natureza, o ciclo das estações, os astros no céu, as diferentes plantas e animais, as relações sociais, políticas e econômicas, para compreender seu lugar no universo, buscando o significado da vida.
Tanto a ciência quanto a arte, respondem a essa necessidade mediante a construção de objetos de conhecimento que, juntamente com as relações sociais, políticas e econômicas, sistemas filosóficos e éticos, formam o conjunto de manifestações simbólicas de uma determinada cultura.
Ciência e arte são assim, produtos que expressam as representações imaginarias das distintas (diferentes) culturas, que se renovam através dos tempos, construindo o percurso da história humana. 
A própria idéia de ciência como disciplina autônoma, distinta da arte, e produto recente da cultura ocidental. Nas antigas sociedades tradicionais, não havia essa distinção: a arte integrava a vida dos grupos humanos, impregnada nos ritos, cerimônias e objetos de uso cotidiano: a ciência era exercida por curandeiros e sacerdotes fazendo parte de um todo místico de compreensão da realidade.
Mesmo na cultura moderna, a relação entre arte e ciência se apresenta de diferentes maneiras, do inicio do mundo ocidental até os dias de hoje. Nos séculos que sucederam o Renascimento, Arte e Ciência eram cada vez mais consideradas como áreas de conhecimento totalmente diferentes, gerando uma concepção falaciosa, segundo a qual a ciência seria produto do pensamento racional e a arte pura sensibilidade.
Na verdade, nunca foi possível existir ciência sem imaginação, nem arte sem conhecimento. Tanto uma como a outra são ações criadoras na construção do ser humano.
O próprio conceito de verdade cientifica cria a mobilidade, torna-se verdade provisória, o que muito aproxima estruturalmente os produtos da ciência e da arte.

MATTOS, Paula Belfort, A Arte de Educar. p.19/20

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